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Continuando as celebrações de 25 anos de carreira, David Fonseca lança um novo tema baseado num sampler de uma canção antiga.


“Em jeito de início de celebração dos meus 25 anos de carreira, resolvi pegar em algumas canções minhas do passado e samplá-las para fazer novos temas. Foi o que fiz com “Paranoia” (com um sampler de “Borrow” de 1998) e agora com este “Get Out Of My Heart”, a partir de um sampler da canção “Oh My Heart” de 2018. Há um sentido qualquer de aventura quando se transforma uma ideia noutra completamente diferente, nunca sei exactamente a direcção que a canção vai tomar e o que me vai dizer. Sempre achei que a escrita de canções é um caminho impossível de prever, sei onde começa mas raramente sei como vai terminar. No caso desta canção, aquilo que começou por ser um sampler luminoso, transformou-se numa canção mais escura, um lamento num momento mais frágil. Longe da intenção do tema original, “Get Out Of My Heart” ganhou uma vida própria, algures perdida e solitária numa hora avançada da noite.”


A CANÇÃO ESTÁ DISPONÍVEL EM TODAS AS PLATAFORMAS, LINK AQUI!


Está também disponível um LYRIC VIDEO, podes vê-lo aqui:


David Fonseca está de volta aos Coliseus para uma viagem pela sua carreira de 25 anos de forma original e surpreendente. Acabam de ser anunciadas as datas destes concertos únicos, nos dias 15 e 16 de Novembro de 2024, no Coliseu do Porto e Lisboa respetivamente. Os bilhetes já se encontram disponíveis nos pontos de venda oficiais, links aqui:



“Regressar aos Coliseus é sempre um dia de festa e esta é muito especial! Este espectáculos de celebração de 25 anos de carreira serão o mote para construir em palco algo de diferente, uma visita muito próxima ao meu processo criativo e a todas as canções que fazem parte desta história. Preparem-se, a festa vai ser rija!", partilha David Fonseca.


Este é um espectáculo que cruza música, performance e cinema, onde as histórias por trás de cada canção se revelam através de imagens, palavras e momentos multimédia. David leva-nos aos momentos privados de criação de cada um dos seus sucessos, desde as primeiras canções com os Silence 4 até às mais recentes na sua profícua carreira a solo, e abre a porta do seu universo pessoal como nunca antes visto em 25 anos de carreira. As ideias que fizeram nascer as canções, os seus protagonistas e a sua visão artística única num momento intimista de partilha e proximidade.


Recorde-se que recentemente foi lançado "Paranoia", uma experiência que partiu da recuperação de uma das suas criações mais antigas e, coincidentemente, peça chave no arranque da carreira em 1998 enquanto membro dos Silence 4, o tema “Borrow”.


David Fonseca deixa ainda a novidade de que em 2024 haverá novo álbum e que se pode esperar até ao final deste ano o primeiro avanço do tão aguardado trabalho de estúdio. 


Gosto muito de cinema, especialmente aquele que é desafiante e que me instiga a pensar sobre qualquer situação numa perspectiva que não teria de outra forma. Não tenho a expectativa de narrativas redondas com princípio, meio e fim, nem sequer procuro que os filmes apresentem uma solução final a cada conflito apresentado. Aquilo que espero é que esta arte complexa que envolve muitas artes diferentes (desde a escrita à representação, da fotografia à realização, do guarda-roupa à edição, etc) me possa transportar para qualquer lado, que ligue as abstracções do mundo e que as materialize à minha frente. Às vezes leva-me às lágrimas, outras às gargalhadas, às vezes deixa-me a sós com uma nova experiência e realidade que desconhecia. Outras vezes leva-me a sítios inóspitos, a pensamentos difusos, a ideias que não me tinham nunca passado pela cabeça. Há filmes que contam histórias, outros não contam história nenhuma, não acho obrigatório que o façam. Mas gosto quando me levam a um lugar que não conhecia dentro de mim, ou que me levem a um lugar familiar que julgava perdido na minha memória.


Não faço ideia de quantos filmes já vi, mas foram muitos. Mesmo muitos. E para ser honesto, mais de metade deles não me satisfizeram por aí além. É sempre uma aventura, nunca sei se vai valer a pena até ter chegado ao fim. Já desisti de alguns a meio, de tão maus que me pareceram aqueles primeiros 30 minutos, mas acontece pouco. Gosto essencialmente da premissa de um mundo em aberto por descobrir, de uma surpresa maravilhosa a caminho. Às vezes tenho expectativas, outras vezes não sei absolutamente nada sobre o que vou ver, e ambas as situações funcionam bem para mim.





Na última semana vi dois filmes nesses pólos opostos: “Asteroid City”, de Wes Anderson, sobre o qual tinha muitas expectativas, e “The Worst Ones”, de Lise Akoka e Romane Gueret, do qual não tinha qualquer informação. O novo de Anderson é exactamente o que se esperava: uma junção das várias componentes artísticas envolvidas na feitura de um filme com um grau de obsessão sobrenatural na composição de cada um dos elementos. “Asteroid City” é um filme onde nada parece falhar, meticuloso em cada um dos seus pormenores, desde a narrativa à fotografia, do trabalho de actores aos movimentos de câmara. Mas confesso que enquanto via o filme dei por mim algo hipnotizado por todos estes elementos cénicos, os enquadramentos onde nada está fora do lugar, um mundo construído sem ruído ou linhas tortas. É fascinante o trabalho de composição de cada um dos planos, o planeamento pormenorizado a um nível doentio de todos os protagonistas em cada frame, de cada pedaço de decor, de cada objecto que está em cena, de cada frase que é proferida. Um mundo hiperbolizado de tal maneira que, confesso, acabou por perder-me neste labirinto de cores garridas de postal dos anos 70. A forma acabou por sobrepôr-se ao conteúdo, a deixar-me baralhado em vários momentos do filme, mas não deixou de ser uma experiência absolutamente fascinante.


“The Worst Ones” não é necessariamente o pólo oposto do universo de Wes Anderson, mas quando vistos de seguida, parecem viver em planetas diferentes. Estamos em Julho de 2023 e é já um dos meus filmes preferidos do ano. Apesar de não ter nenhum dos elementos visuais espectaculares de “Asteroid City”, é um filme que fala de muitas coisas diferentes ao mesmo tempo sem perder o rumo a cada uma delas. Não vou escrever nada sobre a história que nele se conta (não tenho ambições a fazer crítica de cinema ou de estragar a experiência a alguém de entrar num filme sem qualquer referência), mas achei incrível como me levou a tantas questões diferentes, algumas bem difíceis, enquanto o via. Um filme que encerra duras críticas ao próprio acto de filmar, que questiona a ideia de realidade/ficção de muito do que vemos no ecrã e principalmente por me ter feito rir às gargalhadas pela razão mais trágica que se possa imaginar. A somar a isto, tem o conjunto de miúdos mais talentosos que já vi no ecrã, verdadeiramente impressionantes.


Bem sei que o streaming e as suas séries sem fim roubaram muito do protagonismo das longas metragens, mas ainda não há nada que substitua o formato clássico do cinema, especialmente quando é tão bem executado, mesmo que nem sempre me preencha as medidas. A luz apaga-se na sala e o mundo desaparece para dar lugar a outro. Que mundo será esse desta vez?

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